O senador Paulo Paim (PT-RS) defendeu nesta terça-feira (29) a votação já na próxima semana, na Comissão de Direitos Humanos (CDH), do projeto de lei que criminaliza a homofobia (PLC 122/2006). Ele anunciou a intenção durante audiência pública para discutir o tema, que, no entanto, acabou frustrada pela ausência de parte dos convidados. A relatora do projeto é a senadora Marta Suplicy (PT-SP), que não participou do debate.
O PLC 122/2006 amplia a abrangência da Lei 7.716/1989, que trata da discriminação decorrente de raça, religião e origem, para incluir também motivações ligadas a gênero, sexo, orientação sexual e identidade de gênero. O projeto esteve na pauta da CDH em maio deste ano, mas, diante da falta de entendimento para votação, foi retirado para que se tentasse chegar a um texto de consenso.
Participaram da audiência desta terça somente os pastores Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Wilton Costa, presidente da Frente Nacional Cristã de Ação Social e Política (Fenasp). Também foram convidados o presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Raymundo Damasceno Assis, e o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante.
Wilton Costa assinalou que o PLC 122/06 vem sendo debatido no Congresso Nacional há dez anos e, com um “debate falso”, pretende criminalizar a fé das pessoas e a garantia de liberdade religiosa. Ele observou que não há impedimento na legislação brasileira atual à intervenção do Estado contra a violência ou discriminação.
- Nós temos pontuado, ao longo dos anos, todas as fragilidades do processo, todos os vícios inconstitucionais. Aqui no Senado é que temos encontrado a oportunidade de fazer o debate amplo e é importante que todos sejam ouvidos. O nosso apelo a essa comissão é que rejeite de fato o PLC 122 – afirmou o pastor, que prometeu entregar à CDH uma relação de entidades do movimento gay que recebem dinheiro público.
O pastor Silas Malafaia disse lamentar a ausência dos demais convidados, dos movimentos homossexuais e de Marta Suplicy.
- Eu gostaria de dizer que não estamos precisando da ajuda dela [Marta] para ter liberdade religiosa e de expressão. Ah, que pena que ela não está aqui. Eu gosto de falar é na cara, não mando recado – assinalou.
Malafaia repudiou a equiparação dos homossexuais aos negros, por exemplo, como parcela discriminada na sociedade. Segundo o pastor, diferentemente do que ocorre com outros grupos protegidos em lei, no caso do homossexualismo, trata-se de uma escolha comportamental.
- O que é o homossexualismo? É um homem ou uma mulher, por determinação genética, e homossexual por preferência aprendida ou imposta. Não tem ordem cromossômica homossexual. Que paridade esses caras estão querendo? – questionou.
O pastor disse que, mantido o raciocínio, será preciso fazer leis para todos os comportamentos dos seres humanos. Segundo ele, os homossexuais querem ficar livres para acusar outras pessoas de serem homofóbicas.
- Existe uma diferença entre criticar comportamento e discriminar pessoas. Eles querem dizer que a crítica ao comportamento é discriminação. Eu não quero privilégios para os evangélicos. Os que querem eliminar a discordância, amanhã podem querer eliminar os que discordam. Querem liberdade, mas não querem respeitar o direito dos outros. É o grupo social mais intolerante da pós-modernidade – afirmou.
Acusações e críticas